Esse ano, o Nobel de economia foi para Oliver Williamson e Elinor Ostrom. Os trabalhos dos premiados tem a ver com desenho de instituições que operem eficientemente. O primeiro trabalhou com essas questões no contexto de firmas: por exemplo, por que firmas se verticalizam ou por que elas decidem deixar suas operações no nível do mercado (mais especificamente, o que as leva a produzir ou comprar matérias primas)?
Não conhecia o trabalho de Ostrom, então, fui procurar uns blogs falando sobre ela (não achei/não tive tempo para download de papers). O trabalho dela, aparentemente, lida com o desenho de instituições diferentes das de mercado para lidar com problemas de recursos públicos. As discussões tradicionais em economia sobre uso de recursos públicos/produção de bens públicos se pautaram nos problemas de ação coletiva. Ostrom ganhou o Nobel por mostrar que, em diversas situações, empiricamente, as pessoas conseguem usar eficientemente bens públicos via organização de comunidades/criação de reputação e confiança mútua e sem ter que definir direitos de propriedade/mercados para "curar" os problemas de ação coletiva.
Fiquei na dúvida ao ler isso: como ela mediu uso eficiente de bens públicos? Será que foram mecanismos de reputação/confiança/organização coletiva que geraram uso eficiente dos bens públicos, ou outros mecanismos? Fui procurar um pouco mais.
O que eu achei mais engraçado foi o seguinte:
Paul Krugman Blog - "I wasn’t familiar with Ostrom’s work, [...]"
Justin Fox, no blog do Brad de Long - "I knew about Williamson, [...] But Ostrom is new to me."
Steven Levitt, no blog do Freakonomics - "I had to look her up on Wikipedia, and even after reading the entry, I have no recollection of ever seeing or hearing her name mentioned by an economist."
Michael Spence descrevendo os nobéis desse ano: aqui.
Vou ser honesto, não entendi a descrição do trabalho dela (eu acho que não foi descrito aí o trabalho dela). O único blog que eu vi falando dela em mais detalhes foi o Marginal Revolution, administrado por uns caras que trabalham em um departamento com muita public choice theory. Será que o trabalho dela é realmente conhecido e influente o suficiente em economia para ganhar o Nobel?
Ficam dois pontos. O primeiro, ela parece ser uma autora incrivelmente influente em ciências políticas, será que o prêmio de economia está para se tornar um prêmio de ciências sociais em geral (um ponto na verdade do Levitt)? Em segundo lugar, quem sabe, o prêmio dado à ela incentive ainda mais os estudos sobre instituições de escolha pública e como lidar com problemas de ação coletiva (esse é um tema que é foco de pesquisa de alguns economistas já).
Obs.: um bom texto falando sobre os achados de ambos os Nobeis é esse...
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De todos os econblogs brasileiros este é de longe o que tem a melhor cobertura do Nobel. Tem os links essenciais e, ao mesmo tempo, mostra como a academia recebeu essa premiação inesperada - no que se refere a Ostrom. Parabéns pelo blog! Porque sozinho você dá um pau em todos os espectros!!! Só fica devendo na assiduidade...
ResponderExcluirABS
Obrigado pelos elogios, anônimo.
ResponderExcluirQuanto a assiduidade, você tem razão, mas as provas de micro II/econometria do mestrado vêm me impedindo de manter a frequência...espero melhorar em breve.
Abs
Interessante seu texto, gostaria de ver agora um mulher formada puramente em economia ganhando o nobel. Mas, se este prêmio continuar tão político, vou preferir nem ver.
ResponderExcluirAbçs.
Elisa, o prêmio tá bem político mesmo e já há algum tempo...mas pelo menos a Ostrom é bastante respeitada no campo dela, e o Williamson é um cara mto grande de economia das organizações...acho que vamos ter que torcer pra política não virar rival da premiaçao da boa ciência né...
ResponderExcluirAbs