domingo, 16 de maio de 2010

Pseudo novidade

O instituto Vox Populi acabou de anunciar: sua pesquisa eleitoral aponta Dilma na frente de Serra (Dilma com 38% das intenções de voto, e Serra com 35% das intenções de voto, margem de erro de 2,2 pontos percentuais, sabe se lá a qual nível de confiança, já que eles nunca divulgam isso). É fácil apontar a Dilma na frente do Serra quando a pesquisa pede uma avaliação da qualidade do governo Lula logo antes da pergunta de intenção de voto.

Seria bastante mais correto fazer como o Ibope e o Datafolha estão fazendo: incluir perguntas com avaliações subjetivas do governo Lula somente após a pergunta de intenção de voto. Incluir a pergunta antes lembra o entrevistado das boas ações do governo Lula (já que o atual governo é bastante popular), sem lembrá-lo das potenciais virtudes de Serra, Marina, e outros candidatos. É pouco provável que essa memória seletiva pró governo Lula reflita o estado de espírito do eleitor na hora do voto, que não terá respondido perguntas sobre o quão bom foi o governo Lula logo antes de votar.

Não fiquem demais com as pesquisas eleitorais. Mas se quiserem alguma, fiquem com a do Ibope e do Datafolha.

ATUALIZAÇÃO: O Datafolha acabou de anunciar que, na sua pesquisa, Serra e Dilma estão empatados em 37% das intenções de voto (perceba, se o Datafolha estiver certo, o Vox Populi errou gravemente para baixo as intenções de voto para o Serra, ao ponto do Datafolha estar quase fora do intervalo de confiança anunciado pelo Vox Populi. Isso com duas pesquisas que foram lançadas com uma semana de diferença). Agora, isso é interessante: aparentemente, perguntar para os eleitores sobre a qualidade do governo Lula faz os "não petistas" ficarem mais na dúvida...mas eles não parecem considerar que a Dilma será uma pura continuação do governo Lula.

terça-feira, 11 de maio de 2010

A entrevista de Serra

O candidato José Serra deu ontem uma entrevista a rádio CBN, na qual falou sobre a autonomia do BC (em resposta a perguntas de Miriam Leitão). O candidato começou falando que manterá, caso seja eleito, a autonomia do Banco Central para fazer política monetária. Após deixar os leitores calmos, porém, o candidato completa com frases como as que seguem:
"O Banco Central não é a Santa Sé. Você acha isso, sinceramente, que o Banco Central nunca erra? Tenha paciência"
Eu acho que é bom o BC não ser a Santa Sé...mas não vou fazer nenhum comentário muito mais politicamente incorreto...
"Você vê o BC errando e fala: 'Não, eu não posso falar porque são sacerdotes. Eles têm algum talento, alguma coisa divina, alguma coisa secreta tal que você não pode nem falar: Ó, pessoal, vocês estão errados.' Tenha paciência"

"Se houver um erro calamitoso, o presidente tem que fazer sentir sua posição, como o presidente Lula faz e o Fernando Henrique fez."
Essas citações foram dolorosas de ler. Como um candidato, supostamente com diploma de economia, pode falar tanta asneira? Será que os candidatos desse ano estão competindo para ver quem é pior?

Para começar, já ouvi ex-presidentes do BC falando que o Fernando Henrique dava autonomia completa e não intervia nas tomadas de decisão de taxa de juros. Além disso, gostaria de saber como o Serra sabe que o Lula faz sentir a sua posição em termos de política monetária.

Mas isso é o de menos. Candidato Serra: o BC erra, mas o senhor também erra, e no momento da decisão de política monetária, ninguém sabe quem está certo (se bem que tendo uma aposta Henrique Meirelles vs. Serra, não é muito arriscado apostar no primeiro). E as questões são: o presidente acha que uma coisa deve ser feita e o presidente do BC acha que outra deve ser feita. Qual é a opinião que vale? Nós queremos que seja a do presidente do BC. O motivo:

- O Presidente da República pode ter incentivos a se aproveitar de expectativas de inflação baixas para liberar a política monetária e, com isso, criar mais empregos. Uma vez que as pessoas percebam isso, elas irão aumentar suas expectativas de inflação, o que impedirá a criação dos empregos e trará maior inflação.
- Por outro lado, em um sistema de metas de inflação (que automaticamente definem uma meta para emprego), o presidente do BC tem incentivos a manter a inflação perto da meta, ao invés de tentar enganar o mercado para trazer um nível de emprego maior. Isso nos dará o mesmo nível de emprego que na situação anterior, só que com menor taxa de inflação.

A explicação do Serra, para dizer que o presidente deve dizer quando a política estiver errada, é uma grande baboseira: o presidente não sabe quando a política está errada (em particular, sendo o Serra o presidente, ele não saberá quando a política estiver errada).

sábado, 1 de maio de 2010

A burocracia

Acabei de saber pela internet de um sujeito, de 18 anos, que enfrenta a seguinte dificuldade:
...tenho 18 anos. Fui tirar a 2ª via do CPF, que tinha perdido semana passada, logo, a atendente fala que eu preciso do Título de Eleitor, que eu não tenho. Fui tirar o Título, ai disseram que preciso estar alistado, e pra estar alistado preciso do CPF.
Não é estranho cobrar que o sujeito com mais que 18 anos tenha que estar alistado para tirar o título de eleitor? Afinal, ele pode tirar o título aos 16 anos, quando ele não pode estar alistado. Mais ainda, por que alguém teria que poder pagar o imposto de renda para se alistar no exército? Para quem paga imposto de renda, ser convocado pelo exército não é um benefício (do ponto de vista de que existem empregos que pagam mais para esse cara...talvez seja um benefício se o cara for muito patriota...).