Tento responder aqui a seguinte questão: por que alguém divulgaria uma ideologia de ódio (exemplos: nazismo, al-Qaeda)? Por que incentivar ações preconceituosas?
Existem argumentos fortes para que as pessoas queiram ouvir mensagens de preconceito. Em primeiro lugar, quando as pessoas têm preconceitos, o melhor que os formadores de opinião e líderes políticos têm a fazer é divulgar idéias preconceituosas. Convencer as pessoas a mudar de idéia (formar uma nova idéia é outra coisa) é muito difícil, mesmo para o melhor dos oradores. Da mesma forma, é difícil fazer um grupo apoiar um líder sem que o grupo concorde com líder. Ou seja, os líderes, em busca de apoio, têm incentivos fortes a adotar e reforçar os preconceitos da população.
Existem outros motivos para divulgar ideologias de ódio. Citarei mais uma: as pessoas não gostam de ouvir coisas que as desmereçam, como colocado em Akerlof e Dickens (1982). Devido a isso, em períodos de crise, os grupos sociais querem ouvir mensagens que os coloquem como vítimas, e não como culpados da crise. Qualquer um que queira ter apoio por parte de uma população (vamos dizer, políticos, escritores, entre outros) teria fortes motivações, nesse contexto, para divulgar idéias de ódio contra um grupo minoritário. Ou seja, principalmente em momentos de crise, os líderes não só seguem os preconceitos da população, como criam ódio.
Isso significa que devemos restringir a liberdade de expressão nesses casos de ódio? Afinal, com liberdade de expressão, teríamos um grupo A exprimindo ódio contra um grupo B, e o grupo B exprimindo ódio contra A. Aqueles que quisessem buscar informação imparcial ouviriam os dois grupos e, portanto, teriam o julgamento razoável de não odiar ninguém.
O ponto, porém, é que, em termos de ideologia de ódio, o público alvo é exatamente o público que não está em busca de imparcialidade. No caso da primeira teoria citada – em que políticos seguem os preconceitos do povo –, as pessoas, por não conhecerem a qualidade da informação provida por um líder, julgam a informação com base em seus preconceitos. No caso da segunda teoria – em que os políticos criam preconceitos –, as pessoas querem ouvir líderes que culpem o outro grupo pelos males que enfrentam. Claramente, em ambos os casos, o ódio é uma mensagem direcionada a grupos que não ouviriam as mensagens do outro lado.
Apesar de eu defender a liberdade de expressão, no caso de divulgação de ódio (à la Mein Kampf), confio na incapacidade de muitos em julgar o que é razoável e o que não é. Por isso, defendo a restrição a expressão de ódio. Mesmo assim, reconheço que existem muitos casos em que a definição entre restrição e liberdade é ambígua.
Referências
Matthew Gentzkow, Jesse M. Shapiro (2006), “Media Bias”, Journal of Political Economy
George Akerlof, William Dickens (1982), “The Economic Consequences of Cognitive Dissonance”, American Economic Review
Edward Glaeser (2005), “The Political Economy of Hatred”, Quarterly Journal of Economics
Observação: Agradeço ao Caruso pelos comentários sobre a escrita.
sábado, 30 de agosto de 2008
De onde vem o preconceito?
Por que pessoas se odeiam? Nos debates sobre preconceito, aparecem muitas teorias relacionando ódio a conflitos entre classes e grupos sociais. As teorias que tratam das motivações individuais para a ocorrência de ódio são muito menos debatidas ou levadas em conta. Se debatêssemos essas teorias “individualistas” de ódio poderíamos, a luz delas, discutir políticas para reduzir o preconceito entre diferentes grupos.
Uma primeira teoria individualista do preconceito diz que o ódio é simplesmente um desgosto de uma pessoa por outra. Ou seja, essa teoria (que, apesar de ser a mais simples que se pode enunciar, tem conclusões profundas) afirma que preconceito contra negros é resultado de brancos que têm desgosto inato por negros. Em casos de mercado de trabalho, isso implicaria que brancos preconceituosos prefeririam contratar um branco a um negro igualmente produtivo. Conseqüentemente, o salário dos negros seria menor do que o dos brancos.
Entretanto, um branco sem preconceito (vamos chamá-lo de “profissional”) estaria indiferente entre contratar qualquer um dos dois. O “profissional”, nessa situação, se aproveitaria do salário mais baixo dos negros, os contrataria e assim, produziria de forma mais eficiente que o branco preconceituoso. Com isso, o “profissional” conseguiria roubar o mercado do preconceituoso. Essa lógica tem alguma confirmação empírica. Levine, Levkov e Rubinstein (2008) mostram que choques de aumento de competitividade no setor bancário reduziram, para os empregados no setor, a diferença de salários entre negros e brancos numa magnitude de 20-30%. Assim como no caso do mercado de trabalho, pode-se construir raciocínios semelhantes para outras relações sociais, sem alterar a conclusão principal dessa teoria: desde que haja gente o suficiente sem preconceito, não haverá preconceito algum nas relações sociais.
A teoria, porém, deixa de explicar diversos “fatos estilizados” da ocorrência de preconceito. A começar, essa teoria não explica o porquê de grandes massas terem “preconceitos coletivos” contra um outro grupo (vide mulçumanos e americanos, alemães contra judeus, ciganos e homossexuais na época da Alemanha nazista e brancos do sul americano contra negros). Ainda mais, essa teoria diria que, desde que haja um número suficientemente grande de pessoas “iluminadas”, não haverá preconceito algum nas relações sociais. Claramente, existem evidências de ocorrência de preconceito na decisão de moradia (vide toda a literatura de sorting), em relações de fundos de investimento com empresas listadas em bolsa, em contratações em pequenas empresas, entre outros.
Um fator que deve ser adicionado à teoria acima é que preconceito se forma via “consenso” social. Com isso, não quero dizer que grupos se odeiem por conflitos de classes/etnias. Quero dizer que, em face de falta de informação sobre o mundo, o melhor que muitos indivíduos podem fazer é simplesmente seguir o que os outros fazem, como explicado em Banerjee (1992). Ou seja, desde que haja convívio moderadamente segregado entre pessoas de raças diferentes, não é difícil vislumbrar o ódio de um por negros rapidamente sendo adotado pelo grupo. Essa teoria explica porque é comum ver pessoas que, de antemão, dizem que nunca agiriam com preconceito, porém, na hora da prática, discriminam contra um certo grupo (ocorrências registradas em Arrow (1998)). Ainda mais, esse fator explica porque existe o “preconceito coletivo”, e porque os “iluminados” não têm tanto efeito sobre o fim do preconceito.
Com isso, entende-se que preconceito é muito mais o resultado de falta de informação, e que o “desgosto” aparece em decorrência da falta de informação. Assim sendo, é muito mais natural defender limitação aos preconceitos que considerá-los normais. Como fazer isso, porém, é uma questão muito mais complicada.
Referências
- Gary S. Becker, “The Economics of Discrimination”, Chicago, University of Chicago Press, 1957
- Ross Levine, Alexey Levkov, Yona Rubinstein (2008), “Racial Discrimination and Competition”, NBER Working Paper no. 14273
- Thomas Schelling (1971), “Dynamic Models of Segregation”, Journal of Mathematical Sociology
- Lauren Cohen, Andrea Frazzini, e Christopher Malloy (2007), “The Small World of Investing: Board Connections and Mutual Funds Returns”, NBER Working Paper no. 13121
- Abhijit Banerjee, “A Simple Model of Herd Behavior”, Quarterly Journal of Economics, 1992
- Kenneth J. Arrow, “What Has Economics to Say About Discrimination?”, Journal of Economic Perspectives, 1998
Observação: Agradeço ao Caruso pelos comentários sobre a escrita.
Uma primeira teoria individualista do preconceito diz que o ódio é simplesmente um desgosto de uma pessoa por outra. Ou seja, essa teoria (que, apesar de ser a mais simples que se pode enunciar, tem conclusões profundas) afirma que preconceito contra negros é resultado de brancos que têm desgosto inato por negros. Em casos de mercado de trabalho, isso implicaria que brancos preconceituosos prefeririam contratar um branco a um negro igualmente produtivo. Conseqüentemente, o salário dos negros seria menor do que o dos brancos.
Entretanto, um branco sem preconceito (vamos chamá-lo de “profissional”) estaria indiferente entre contratar qualquer um dos dois. O “profissional”, nessa situação, se aproveitaria do salário mais baixo dos negros, os contrataria e assim, produziria de forma mais eficiente que o branco preconceituoso. Com isso, o “profissional” conseguiria roubar o mercado do preconceituoso. Essa lógica tem alguma confirmação empírica. Levine, Levkov e Rubinstein (2008) mostram que choques de aumento de competitividade no setor bancário reduziram, para os empregados no setor, a diferença de salários entre negros e brancos numa magnitude de 20-30%. Assim como no caso do mercado de trabalho, pode-se construir raciocínios semelhantes para outras relações sociais, sem alterar a conclusão principal dessa teoria: desde que haja gente o suficiente sem preconceito, não haverá preconceito algum nas relações sociais.
A teoria, porém, deixa de explicar diversos “fatos estilizados” da ocorrência de preconceito. A começar, essa teoria não explica o porquê de grandes massas terem “preconceitos coletivos” contra um outro grupo (vide mulçumanos e americanos, alemães contra judeus, ciganos e homossexuais na época da Alemanha nazista e brancos do sul americano contra negros). Ainda mais, essa teoria diria que, desde que haja um número suficientemente grande de pessoas “iluminadas”, não haverá preconceito algum nas relações sociais. Claramente, existem evidências de ocorrência de preconceito na decisão de moradia (vide toda a literatura de sorting), em relações de fundos de investimento com empresas listadas em bolsa, em contratações em pequenas empresas, entre outros.
Um fator que deve ser adicionado à teoria acima é que preconceito se forma via “consenso” social. Com isso, não quero dizer que grupos se odeiem por conflitos de classes/etnias. Quero dizer que, em face de falta de informação sobre o mundo, o melhor que muitos indivíduos podem fazer é simplesmente seguir o que os outros fazem, como explicado em Banerjee (1992). Ou seja, desde que haja convívio moderadamente segregado entre pessoas de raças diferentes, não é difícil vislumbrar o ódio de um por negros rapidamente sendo adotado pelo grupo. Essa teoria explica porque é comum ver pessoas que, de antemão, dizem que nunca agiriam com preconceito, porém, na hora da prática, discriminam contra um certo grupo (ocorrências registradas em Arrow (1998)). Ainda mais, esse fator explica porque existe o “preconceito coletivo”, e porque os “iluminados” não têm tanto efeito sobre o fim do preconceito.
Com isso, entende-se que preconceito é muito mais o resultado de falta de informação, e que o “desgosto” aparece em decorrência da falta de informação. Assim sendo, é muito mais natural defender limitação aos preconceitos que considerá-los normais. Como fazer isso, porém, é uma questão muito mais complicada.
Referências
- Gary S. Becker, “The Economics of Discrimination”, Chicago, University of Chicago Press, 1957
- Ross Levine, Alexey Levkov, Yona Rubinstein (2008), “Racial Discrimination and Competition”, NBER Working Paper no. 14273
- Thomas Schelling (1971), “Dynamic Models of Segregation”, Journal of Mathematical Sociology
- Lauren Cohen, Andrea Frazzini, e Christopher Malloy (2007), “The Small World of Investing: Board Connections and Mutual Funds Returns”, NBER Working Paper no. 13121
- Abhijit Banerjee, “A Simple Model of Herd Behavior”, Quarterly Journal of Economics, 1992
- Kenneth J. Arrow, “What Has Economics to Say About Discrimination?”, Journal of Economic Perspectives, 1998
Observação: Agradeço ao Caruso pelos comentários sobre a escrita.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Mídia – entre a coleira e o virar latas
Existe, em certos meios, um debate com relação aos limites à liberdade de expressão e ao dever do Estado de restringir ou não os canais de mídia. Os que argumentam contra os limites e a restrição dizem ser a liberdade de expressão um direito conseguido com a democracia, o qual não devemos deixar se esvaziar. Por outro lado, outros argumentam que a mídia tem um papel essencial de transmissão de informação e que, deixada livre, deturpa (ou até cria) informações, fator que prejudica o bem estar social e o exercício democrático.
O meu argumento aqui, como em várias outras questões, não concorda com nenhum dos pontos de vista. O principal problema da discussão feita dessa forma é o caráter normativo dos argumentos apresentados. Ou seja, o que garante que os meios de comunicação não estão interferindo no direito dos outros ao divulgar informações por um lado, não se caracterizando sua restrição um limite à liberdade de expressão, mas sim, uma afirmação da soberania dos indivíduos? Por outro lado, se a mídia altera, deturpa, inventa informações, o que a faz agir dessa forma? Com essa pergunta, se responde também: será que temos alguma alternativa ao viés dos meios privados de mídia?
Não passarei tempo nenhum caracterizando a constitucionalidade da restrição à mídia, tema sobre o qual nada entendo. Porém, posso argumentar sobre quais são alguns potenciais motivos para a imprensa viesar notícias. Uma primeira possibilidade que justifica a ocorrência disso é o viés ideológico do próprio dono do meio de comunicação. Pode ocorrer de o dono de um jornal ser um político, que usa o seu meio como forma de trazer para si eleitores. No limite, caso todos os jornais de um país fossem de políticos, teríamos diferentes jornais fornecendo diferentes informações que beneficiam diferentes políticos. Se os leitores buscarem "imparcialidade", eles provavelmente a terão se lerem diferentes fontes.
Uma segunda alternativa que explica o viés de mídia é de um argumento de Andrei Shleifer e Sendhil Mullainathan, dois economistas da universidade de Harvard. Eles argumentam: as pessoas têm uma tendência a categorizar o mundo – políticos são de esquerda ou direita e não mais ou menos redistributivos; uma pessoa é boa ou má, não há circunstâncias. Por essa tendência, ao ouvir uma informação de conteúdo contrário a sua opinião, porém, não tão "relevante" (ou seja, a informação é contrária às suas crenças, mas não forte o suficiente para fazê-lo mudar de idéia), o indivíduo simplesmente esquecerá a notícia. Na luta para ser lembrado, e assim, conseguir público, lucros e se sustentar, os meios de imprensa terão um incentivo a viesar a informação no sentido da crença inicial do público. Dado um assunto, em que opiniões de todos os tipos existem, alguns órgãos de imprensa deturparão a informação para um lado, enquanto outros, para outro lado. De novo, lendo diferentes fontes, se conseguiria informação imparcial.
Uma terceira alternativa, dos economistas de Chicago Matthew Gentzkow e Jesse Shapiro, dá um argumento semelhante ao acima. As pessoas têm uma crença inicial com relação ao que é correto e o que não é. Ao mesmo tempo, na hora de comprar um jornal, por exemplo, não sabem se o jornal transmite informações verdadeiras ou falsas. Por isso, o melhor que têm a fazer é julgar a qualidade do jornal pelos seus preconceitos. Isso incentiva os jornais a adulterar as informações no sentido da crença inicial do público como forma de "garantir" qualidade. Com esse último argumento, os economistas aqui citados argumentam que a ocorrência de muitos órgãos de mídia possibilitam não somente diversidade de fontes, como também diminuem o incentivo a viesar informações: afinal, um leitor observando 10 jornais indo contra suas crenças e 1 a favor de suas crenças pode ficar mais propenso a mudar de opinião.
Em todos os argumentos citados acima, a possibilidade de se obter informação correta depende da existência de diversos canais de mídia agindo livremente. A alternativa seria a regulação dos meios de comunicação pelo Estado, o que, inevitavelmente, traria o viés do governante à mídia.
Entre uma mídia cão de guarda de coleira, ou uma mídia vira latas, eu sou mais a vira latas.
Referências:
Andrei Shleifer, Sendhil Mullainathan (2006), "The Market for News", American Economic Review
Matthew Gentzkow, Jesse M. Shapiro (2006), "Media Bias", Journal of Political Economy
Matthew Gentzkow, Jesse M. Shapiro (2008), "What Drives Media Slant? Evidence from U.S. Newspapers", trabalho em progresso
O meu argumento aqui, como em várias outras questões, não concorda com nenhum dos pontos de vista. O principal problema da discussão feita dessa forma é o caráter normativo dos argumentos apresentados. Ou seja, o que garante que os meios de comunicação não estão interferindo no direito dos outros ao divulgar informações por um lado, não se caracterizando sua restrição um limite à liberdade de expressão, mas sim, uma afirmação da soberania dos indivíduos? Por outro lado, se a mídia altera, deturpa, inventa informações, o que a faz agir dessa forma? Com essa pergunta, se responde também: será que temos alguma alternativa ao viés dos meios privados de mídia?
Não passarei tempo nenhum caracterizando a constitucionalidade da restrição à mídia, tema sobre o qual nada entendo. Porém, posso argumentar sobre quais são alguns potenciais motivos para a imprensa viesar notícias. Uma primeira possibilidade que justifica a ocorrência disso é o viés ideológico do próprio dono do meio de comunicação. Pode ocorrer de o dono de um jornal ser um político, que usa o seu meio como forma de trazer para si eleitores. No limite, caso todos os jornais de um país fossem de políticos, teríamos diferentes jornais fornecendo diferentes informações que beneficiam diferentes políticos. Se os leitores buscarem "imparcialidade", eles provavelmente a terão se lerem diferentes fontes.
Uma segunda alternativa que explica o viés de mídia é de um argumento de Andrei Shleifer e Sendhil Mullainathan, dois economistas da universidade de Harvard. Eles argumentam: as pessoas têm uma tendência a categorizar o mundo – políticos são de esquerda ou direita e não mais ou menos redistributivos; uma pessoa é boa ou má, não há circunstâncias. Por essa tendência, ao ouvir uma informação de conteúdo contrário a sua opinião, porém, não tão "relevante" (ou seja, a informação é contrária às suas crenças, mas não forte o suficiente para fazê-lo mudar de idéia), o indivíduo simplesmente esquecerá a notícia. Na luta para ser lembrado, e assim, conseguir público, lucros e se sustentar, os meios de imprensa terão um incentivo a viesar a informação no sentido da crença inicial do público. Dado um assunto, em que opiniões de todos os tipos existem, alguns órgãos de imprensa deturparão a informação para um lado, enquanto outros, para outro lado. De novo, lendo diferentes fontes, se conseguiria informação imparcial.
Uma terceira alternativa, dos economistas de Chicago Matthew Gentzkow e Jesse Shapiro, dá um argumento semelhante ao acima. As pessoas têm uma crença inicial com relação ao que é correto e o que não é. Ao mesmo tempo, na hora de comprar um jornal, por exemplo, não sabem se o jornal transmite informações verdadeiras ou falsas. Por isso, o melhor que têm a fazer é julgar a qualidade do jornal pelos seus preconceitos. Isso incentiva os jornais a adulterar as informações no sentido da crença inicial do público como forma de "garantir" qualidade. Com esse último argumento, os economistas aqui citados argumentam que a ocorrência de muitos órgãos de mídia possibilitam não somente diversidade de fontes, como também diminuem o incentivo a viesar informações: afinal, um leitor observando 10 jornais indo contra suas crenças e 1 a favor de suas crenças pode ficar mais propenso a mudar de opinião.
Em todos os argumentos citados acima, a possibilidade de se obter informação correta depende da existência de diversos canais de mídia agindo livremente. A alternativa seria a regulação dos meios de comunicação pelo Estado, o que, inevitavelmente, traria o viés do governante à mídia.
Entre uma mídia cão de guarda de coleira, ou uma mídia vira latas, eu sou mais a vira latas.
Referências:
Andrei Shleifer, Sendhil Mullainathan (2006), "The Market for News", American Economic Review
Matthew Gentzkow, Jesse M. Shapiro (2006), "Media Bias", Journal of Political Economy
Matthew Gentzkow, Jesse M. Shapiro (2008), "What Drives Media Slant? Evidence from U.S. Newspapers", trabalho em progresso
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