segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O Nobel desse ano...

Esse ano, o Nobel de economia foi para Oliver Williamson e Elinor Ostrom. Os trabalhos dos premiados tem a ver com desenho de instituições que operem eficientemente. O primeiro trabalhou com essas questões no contexto de firmas: por exemplo, por que firmas se verticalizam ou por que elas decidem deixar suas operações no nível do mercado (mais especificamente, o que as leva a produzir ou comprar matérias primas)?

Não conhecia o trabalho de Ostrom, então, fui procurar uns blogs falando sobre ela (não achei/não tive tempo para download de papers). O trabalho dela, aparentemente, lida com o desenho de instituições diferentes das de mercado para lidar com problemas de recursos públicos. As discussões tradicionais em economia sobre uso de recursos públicos/produção de bens públicos se pautaram nos problemas de ação coletiva. Ostrom ganhou o Nobel por mostrar que, em diversas situações, empiricamente, as pessoas conseguem usar eficientemente bens públicos via organização de comunidades/criação de reputação e confiança mútua e sem ter que definir direitos de propriedade/mercados para "curar" os problemas de ação coletiva.

Fiquei na dúvida ao ler isso: como ela mediu uso eficiente de bens públicos? Será que foram mecanismos de reputação/confiança/organização coletiva que geraram uso eficiente dos bens públicos, ou outros mecanismos? Fui procurar um pouco mais.

O que eu achei mais engraçado foi o seguinte:
Paul Krugman Blog - "I wasn’t familiar with Ostrom’s work, [...]"
Justin Fox, no blog do Brad de Long - "I knew about Williamson, [...] But Ostrom is new to me."
Steven Levitt, no blog do Freakonomics - "I had to look her up on Wikipedia, and even after reading the entry, I have no recollection of ever seeing or hearing her name mentioned by an economist."
Michael Spence descrevendo os nobéis desse ano: aqui.
Vou ser honesto, não entendi a descrição do trabalho dela (eu acho que não foi descrito aí o trabalho dela). O único blog que eu vi falando dela em mais detalhes foi o Marginal Revolution, administrado por uns caras que trabalham em um departamento com muita public choice theory. Será que o trabalho dela é realmente conhecido e influente o suficiente em economia para ganhar o Nobel?

Ficam dois pontos. O primeiro, ela parece ser uma autora incrivelmente influente em ciências políticas, será que o prêmio de economia está para se tornar um prêmio de ciências sociais em geral (um ponto na verdade do Levitt)? Em segundo lugar, quem sabe, o prêmio dado à ela incentive ainda mais os estudos sobre instituições de escolha pública e como lidar com problemas de ação coletiva (esse é um tema que é foco de pesquisa de alguns economistas já).

Obs.: um bom texto falando sobre os achados de ambos os Nobeis é esse...

4 comentários:

  1. De todos os econblogs brasileiros este é de longe o que tem a melhor cobertura do Nobel. Tem os links essenciais e, ao mesmo tempo, mostra como a academia recebeu essa premiação inesperada - no que se refere a Ostrom. Parabéns pelo blog! Porque sozinho você dá um pau em todos os espectros!!! Só fica devendo na assiduidade...
    ABS

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pelos elogios, anônimo.

    Quanto a assiduidade, você tem razão, mas as provas de micro II/econometria do mestrado vêm me impedindo de manter a frequência...espero melhorar em breve.

    Abs

    ResponderExcluir
  3. Interessante seu texto, gostaria de ver agora um mulher formada puramente em economia ganhando o nobel. Mas, se este prêmio continuar tão político, vou preferir nem ver.

    Abçs.

    ResponderExcluir
  4. Elisa, o prêmio tá bem político mesmo e já há algum tempo...mas pelo menos a Ostrom é bastante respeitada no campo dela, e o Williamson é um cara mto grande de economia das organizações...acho que vamos ter que torcer pra política não virar rival da premiaçao da boa ciência né...

    Abs

    ResponderExcluir

Caso você tenha interesse em enviar um texto para publicação neste Blog, por gentileza, envie para o e-mail do Blogger, para que possa ser avaliado.